Tuesday, September 18, 2012

Porto Alegre: Prefeito, pra quê?

Por Adriana Schönhofen Garcia, Eng. Civil, MScEng & MArq





 

 
O Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento do Rio Grande do Sul (IAB-RS), sediou na noite desta segunda-feira, dia 17/09, evento questionando os candidatos a prefeito de Porto Alegre com base no documento: 10 pontos por um PROJETO DE CIDADE. Os candidatos lembraram-me alunos que, quando não sabiam a resposta, enrolavam e nada diziam.

Criticas foram apontadas sobre a real participação popular nas decisões da cidade. A atual administração das secretarias municipais é arcaica e caótica. Apenas um dos candidatos apresentou clara proposta de otimizar os processos. Os arquitetos exigiram soluções para problemas endêmicos que há décadas assolam Porto Alegre: planejar a cidade e mantê-la no curso, através de um Instituto de Planejamento gerido exclusivamente por técnicos concursados, sem interferência política. Planejamento urbano em 4 anos, além de impossível, é danoso.

Sorteio definiu as questões a cada um. Sorte não os ajudou, pois a maioria fugiu das perguntas com respostas evasivas, ou genéricas, ou exemplos de áreas de sua maestria, como a educação, mas que não se aplicam ao urbanismo, ou ainda deslizaram para discurso de palanque. Mais graves foram as propostas tecnicamente ineficientes e as mirabolantes.

O candidato a vice da atual administração cometeu a heresia de explicar a contratação do arquiteto de Curitiba à orla do Guaíba, estando dentro da casa dos arquitetos. Um adversário o rebateu: ”E não existem arquitetos em Porto Alegre?” Este último foi ovacionado. Os arquitetos demandam concursos públicos para os projetos das áreas públicas.

O mundo já sabe: prefeitos,  se não forem arquitetos urbanistas, não têm formação para lidar com as questões estratégicas urbanas. Uma cidade é um grande canteiro de obras que está em constante transformação para fornecer suporte a todas as outras atividades. A menos que adotemos sistemas de gestão existentes nos EUA e na Europa, onde um técnico administra a cidade, por anos a décadas, e não um político, sem formação e de curta duração no poder, dificilmente ocorrerão melhorias significativas e consistentes nas cidades brasileiras. Fica a pergunta: Prefeito, pra quê?






 

 

2 comments:

  1. Oi, Adri. Gostei muito dos teus comentários. Considero os mesmos procedentes e, infelizmente, reais. Está mais do que na hora de dar um basta nas situações que vivemos enquanto cidadãos que vivem um dia a dia desqualificado desmedido em função de uma política que não se importa nem um pouco com as pessoas, mas que na hora da propaganda para ganhar o voto tudo é capaz de melhorar.Todos sabem o que precisam fazer, porém na prática, o esquecimento e a ineficiência tomam conta do poder público e as pessoas ficam a mercê de uma sociedade corrupta e incompetente. Aprovado, manda ver. Bjos. Vera

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  2. Parabéns:
    Depois de ter viajado pelo mundo, não para muitos lugares, a conclusão das diferenças das administrações dos países do primeiro mundo (EUA e Europa) com as do terceiro mundo (tipicamente governos latino-americanos) é simples:
    Nos países do primeiro mundo as políticas econômicas e sociais estão acima dos governos. Portanto, podem planejar a curto, médio e longo prazo, e as obras que um mandato começou são continuados pelo outro, sem importar se são do mesmo partido político ou não.
    Ao contrário, nos países do terceiro mundo, as políticas econômicas e sociais duram só o tempo do governo, ou seja, 4 a 5 anos (depende do país). Portanto, a única coisa que dá para fazer é planejamento em curto prazo, nem médio, nem longo prazo. Uma vez que termina o mandato, se o próximo governo for da oposição, este descarta tudo o que fez o anterior, sem importar se estava no certo ou errado. Se for do mesmo partido, tenta fazer as coisas que teriam que ter sido feitas no período anterior, que não teve "tempo" para fazê-las, pela sua ineficácia.
    VAMOS TER QUE ESPERAR QUE OS LATINO-AMERICANOS AMADUREÇAM NESTE ASPECTO.
    FICA TRANQUILA QUE ALGUM DIA ACONTECERÁ. PORÉM, ENTENDO TANTO QUANTO TU, QUE SE NÃO SOMOS NÓS, OS PROFISSIONAIS, OS QUE FAZEMOS FORÇA PARA QUE ISTO ACONTEÇA, DIFICILMENTE ACONTECERÁ.
    Ing. Gabriel Pardo Migliaro, Montevideo, Uruguay

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